A Semana Mundial da Alimentação deste ano, de 15 a 22 de outubro, dará ao Slow Food o ensejo para a promoção de uma semana de comprometimento durante a qual a rede de ativistas espalhados pelo mundo poderá agir concretamente para a redução de emissões de CO2.
O aquecimento global tornou-se uma realidade. A produção e distribuição de alimentos incidem por um quinto sobre a “febre” do Planeta (Ar5 IPCC 2014; FAO 2015). A partir desse dado, o Slow Food deseja incentivar as pessoas que vivem em Países com alto índice de desenvolvimento – e não só elas- para que mudem os próprios estilos de alimentação.
As pessoas, com frequência, sentem-se impotentes diante da gravidade e da tragédia das mudanças climáticas em escala global, contudo, é precisamente a partir dos alimentos, que cada um de nós pode contribuir para deter esse fenômeno. Para demonstrá-lo, Slow Food lançou a Semana da Mudança no âmbito de sua campanha Food for Change que começou em 24 de setembro com o encerramento de Terra Madre Salone del Gusto e que prosseguirá até o final do ano.
Durante a Semana da Mudança, por sete dias, as pessoas que aderirem se comprometerão a pôr em prática três ações concretas: cozinhar utilizando apenas ingredientes locais, não comer carne ou reduzir a zero o desperdício de alimentos. Será possível optar por uma só das ações ou por todas elas.
A notícia é que, medindo concretamente as ações, podemos dar às pessoas a sensação de que o próprio comprometimento é útil. Com base no número de pessoas que tomarão parte nesse desafio, com a colaboração de Indaco2 (INDicadores Ambientais e CO2, spin-off da Universidade de Siena, Itália), Slow Food será capaz de estimar quanto CO2 eq. será poupado graças ao nosso empenho coletivo na Semana da Mudança.
Faltando poucos dias para o início da campanha, já contamos com a adesão de 2000 pessoas. Isso significa que, se até o final da semana, chegarmos a 5000 adesões para as ações propostas, então, a poupança de CO2 será de 64tC02eq, equivalentes a 175.000 km.
Razões para as três ações
Cozinhar usando apenas ingredientes locais. Um sistema de produção de alimentos local possui a vantagem de integrar alimentos saudáveis e nutritivos com a responsabilidade social pois prioriza os sistemas ecológicos, elimina ou reduz os produtos químicos e protege as técnicas e os conhecimentos tradicionais. Os alimentos locais são mais frescos, possibilitam a proteção de variedades e de espécies locais (sem falar dos métodos tradicionais de produção), percorrem menos quilômetros e requerem menos material de embalagem. Além disso, fazem com que os produtores e os consumidores possam ter mais informações e maior controle sobre os sistemas de produção e distribuição.
Não comer carne. Nestes últimos 50 anos, o consumo de carne quadruplicou. Cada cidadão da União Europeia consome, em média, 80,6 kg de carne por ano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, seria suficiente uma redução a 25 kg e, abater pela metade aquele total, seria uma vitória tanto para nossa saúde quanto para o planeta (“World Livestock 2011: Livestock in Food Security”, FAO, 2011). A quantidade de carne para uma dieta ideal é de 500 gramas por semana (ou seja, 2 kg por mês ou 24 kg por ano). Mais de 95% da carne que consumimos procede de criações industriais que, coletivamente, são responsáveis por 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa (“Tackling Climate Change Through Livestock”, FAO, 2013). A produção de um kg de carne bovina tem um custo de 36,4 kg de CO2 que equivale às emissões de um automóvel durante uma viagem de 250 km; e não menos de 15 mil litros de água.
Reduzir a zero o desperdício de alimentos. Todos os anos, na União Europeia, são desperdiçados aproximadamente 90 milhões de toneladas de alimentos (179 kg por pessoa). Desse total, 42% ocorrem a nível doméstico e 39% no setor manufatureiro. Os resíduos de alimentos representam um desperdício de recursos utilizados na produção, embalagem, transporte e armazenamento e também desperdício de solo, água, energia e insumos. Produzir alimentos que não serão consumidos comporta emissões de CO2 e também a perda de valor econômico do alimento produzido.
Para maiores informações:
https://www.slowfood.com/sloweurope/wp-content/uploads/ENG-PAPER-climatechange.pdf
https://www.slowfood.com/what-we-do/themes/fight-climate-change/
https://www.slowfood.com/what-we-do/themes/slow-meat/what-we-do-2/working-with-producers/carbon-footprint/
Fonte: Slow Food.