Mudei. Agora é tudo novo. Opa, opa, opa. Meio clichêzÃO. Não é tudo novo, mas há um tempo mudei, como você, como ele ali, o outra cá, como a lua e o mundo. O planeta não fica estático, que por sinal, a cada dia é mais necessário uma mudança geral, seja na produção alimentar, quer dizer, eu vou logo generalizar: na produção de bens de consumo (direto ou indireto) sem consciência sustentável.
Atravessar o Atlântico para fazer o mestrado clareou a mente, trouxe reflexões e uma nova visão sobre a gastronomia, bem como a forma que comemos, o por quê comemos certos alimentos influência social, família, por gosto, prazer, o que nos deixa felizes verdadeiramente e faz bem para alma.
Há tempos o termo Gourmet me incomodava. Quando foi criado Repórter Gourmet, em 2013, eu e meus colegas achávamos o máximo e muito promissor a estetização do nosso projeto de faculdade diretamente ligado ao momento que vivíamos. Naquela época era o ápice das associações: se é gourmet, então é algo muito bom e justificado pelo alto preço. Porque ainda éramos tomados por um marketing barato ancestral de associar preço a qualidade.
Preço x qualidade x acesso de consumo. Gourmet é para poucos em sua essência. Quando visitei o Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, com meu incrível professor, uma enciclopédia ambulante da gastronomia portuguesa, Virgílio Gomes, me senti uma mera mortal. Salas exuberantes e luxuosas para refeições. Estou falando do XVIII. O “cardápio” ou diria menu, papel onde se escreve os pratos de uma refeição, surgiu neste ambiente, bem como ostentação em servir.
Há uma curiosidade que demonstra o meu ponto de vista. Tanto o açúcar quanto a canela eram alimentos “gourmet” e muitos caros. Os produtos das grandes navegações trazidos das Índias e outros países colônia tinham um alto custo. E para ostentar luxo, poder e “qualidade” os banquetes eram regados a açúcar e canela. Quanto mais doce um faisão ou um burrego melhor! Concordam?!
Séculos à frente, aqui estamos, em mudança. Porque o meu propósito é conectar as pessoas através da comida e o do Repórter Gourmet o mesmo, tendo um plus: democratizar a gastronomia. Tem coisas que passam a não fazer mais sentido, principalmente depois de tantas experiências nos últimos anos e das novas vivências. Há uma mudança de dentro para fora que preciso de forma poética e cheirosa vomitar em vocês. O melhor vômito da vida. Nem sempre agradável mas transformador para o lado ambiental, social e financeiro.
Resignificando e adicionando a sustentabilidade neste tripé que hoje faz todo o sentido para mim e para o RG.
RG é como chamo agora o Repórter Gourmet. Percebi que nos tornamos um registro gastronômico de vivências, experiências e informações. Sabe quando você se sente confortável porque acredita e vive o que está compartilhando? Pois, hoje mais do nunca vivemos esta fase. Seja re-bem vindo!