Moringa de Maragogipinho. Foto: Rio e Cultura.
Os muitos e diferentes utilitários feitos de barro trazem uma longa e tradicional maneira de integrar os serviços à mesa, os preparos de comidas; e, sem dúvida, a formação de uma estética que marca o imaginário tradicional e popular. Refiro-me a grande produção de “louça de barro” de Maragogipinho, Recôncavo, um verdadeiro lugar de memória, criação e preservação de modelos que referenciam esta arte popular, que é da Bahia.
É um importante polo de produção de utilitários de barro que têm diferentes funções, e assim são confeccionados diversos tipos de produtos para uso nas cozinhas. Por exemplo: a louça “najé”, com pinturas de temas figurativos; as quartinhas, as quartas e os porrões, que servem para guardar e transportar água; ainda, as travessas brunidas (polidas), e pintadas com pigmento branco, “tauá”. Panelas, pratos, copos; miniaturas como as tão conhecidas “louças caxixi”, entre tantos outros modelos usados para preparar e servir a comida, e também integrar a estética dos pratos e das receitas.
As receitas vão muito além das misturas dos ingredientes, pois em cada tipo de prato há um valor simbólico que possibilita a comida trazer memórias, identidades, e suas bases etnoculturais.
Compõe a comida o utensílio no qual ela é servida, é a imagem da comida; é a primeira referência que identifica o ritual da alimentação.
Entre tantos utensílios, trago a moringa-baiana que mostra, no barro, a figura da baiana, por meio de uma síntese da roupa tradicional, enquanto uma marca da identidade da Bahia.
Pode-se dizer que é um utensílio antropomorfo para conter e servir água, e também celebra, no imaginário, o tipo social e cultural que é o da baiana.
A Bahia possui muitos centros oleiros com rica e diversa produção de utensílios, de figuras de barro, todas revelando lugares, técnicas, funções, autores; e que fazem os estilos que singularizam as louças tradicionais da Bahia.
Por Raul Lody.