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Morar em Portugal: curiosidades do Natal português
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Morar em Portugal: curiosidades do Natal português

Ao morar em Portugal, nos últimos anos, tive a experiência de vivenciar o Natal português, e vamos dizer, um Natal raiz, com seus sabores e tradições.

Para falar com propriedade e muito conhecimento sobre estes porquês e contar a história,  convidei o historiador e querido professor português, Virgílio Gomes, para responder algumas perguntas, desde os principais pratos típicos portugueses a origem da Rabanada, que não falta na mesa dos portugueses nem dos brasileiros. 

Querido Virgílio, quais os principais pratos típicos do Natal por região em Portugal?

No Natal podemos ainda identificar 3 refeições: jantar do dia 24, a Consoada; a ceia depois da Missa do Galo e o almoço de dia 25. Um elemento comum às três refeições é a variedade e exuberância dos doces.

Em termos de regiões podemos considerar duas muito abrangentes e vamos chamar Norte do Tejo para cima e Sul do Tejo para baixo. Enquanto no Norte não se abdica de peixe na noite de Consoada, no Sul também se come carne habitualmente reservada aos caprinos e ovinos jovens em versões de ensopados, guisados no tacho ou assados no forno.

A ceia depois da Missa do Galo, tanto no Norte como no Sul tem obrigatoriamente carne, antigamente um galo engordado para esse repasto, ou então o glorioso Capão de Freamunde, agora IGP (Indicação Geográfica Protegida). O Capão de Freamunde é um frango proveniente das estirpes de crescimento lento do tipo Atlântico do grupo étnico gallus domesticus, castrado antes de atingir a maturidade sexual, que se destina exclusivamente à produção de carne de qualidade, tendo regras específicas de alimentação e manejo. Este capão está a tentar ocupar o lugar que merece depois da longa permanência do peru.

Para o almoço do dia 25, voltam as carnes e um prato que marca o sentido de utilização plena dos alimentos e que deram um prato único: “A Roupa Velha” que mais não é do que o aproveitamento das sobras do jantar de 24, tudo cortado aos cubos e depois ligado na frigideira, ou no tacho, com ovos batidos.

Mais importante que os pratos das refeições é a doçaria e alguma específica do Natal.Os pratos do jantar do dia 24 são o “bacalhau da Consoada”, quer dizer bacalhau com todos, e “polvo cozido” com ovos cozidos na água do polvo para ficarem de cor rosada. Também se faz um “arroz de polvo” e filetes do mesmo.

Porque o bacalhau e o polvo se tornaram os principais pratos Natalícios no país?

Temos que recordar da regra da Igreja católica que obrigava à abstinência de carne na semana que antecede o Natal. Esta regra manteve-se até finais do século XVI. O bacalhau e o polvo eram os elementos do mar que se conseguia a sua conservação através da secagem e poderiam chegar em bom estado ao interior do país. Assim, a tradição de comer bacalhau no jantar do dia 24 é o símbolo do último dia do ano com abstinência de carne. E talvez a missa que se celebra à meia-noite se chama do “galo” porque de seguida se faria a ceia com galo e outras carnes.

Os doces como rabanada, bolo-rei e filhós são heranças portuguesas.  Qual a origem deles em Portugal?

A rabanada e filhós fazem parte de um grupo de doçaria natalina de cariz popular. No Norte também nunca falta a aletria. A proximidade com Espanha e particularmente a Galiza tem doces comuns o que levará facilmente a reconhecer a ancestralidade destes doces. Por exemplo, em Portugal fazem-se umas rabanadas que são regadas com vinho e são chamadas de “torrijas” que é o nome de rabanadas em espanhol.

Quanto ao bolo-rei o registo é diferente. Nasceu na Confeitaria Nacional em Lisboa, por volta de 1869-1870. O responsável foi o afamado confeiteiro francês Gregoire (Gregório, como ficou conhecido), recrutado em Paris por Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior, que adaptou uma receita trazida da capital francesa. Deve-se a sua divulgação em especial pelo apoio e D.Fernando II e com D. Carlos a Confeitaria Nacional recebe o título oficial de Fornecedor da Cara Real. O bolo entrou em várias especiarias e no gosto português e hoje em dia confecciona-se durante todo o ano mas com maior produção no Natal.

Espero que tenham curtido conhecer um pouco mais da cultura gastronômica portuguesa,  no Natal, e os elos que nos unem. Feliz Natal!

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